"Imagino-o em pequeno a questionar os sacerdotes com incómodas redacções escolares. Ou, mais velho, a ressurgir como um blogger feroz, paladino de uma esquerda esclarecida e igualitária num mundo onde essa esquerda deixou de existir. Seria inflexível na defesa de ideais caídos em desuso e nessa medida radicais; no entanto, protegido por uma retórica inteligente e ambígua, mostraria a sua face liberal, e permitiria o livre arbítrio em opções morais de foro privado. Expulsaria os vendilhões do templo (o clero). Incomodaria o império romano (o Governo) e, perante as mãos sempre limpas da justiça, seria mediaticamente crucificado, talvez com acusações torpes que o reduzissem ao silêncio, e o expulsassem da blogosfera. Passados três dias, ressuscitaria, a partir do nada mas no blogue de sempre, para nos deixar a insurrecta mensagem de despedida. Aos 33 anos, desapareceria de cena por desejo próprio, não deixaria para trás número de telemóvel, nem endereço de mail. E, ao fazê-lo, ao optar pela não existência on-line - hoje tão improvável como uma ascensão aos céus -, daria início à lenda."
José Prata, editor da Lua de Papel in Público - 24.12.2008
quinta-feira, dezembro 25, 2008
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