Reduzir subsídios, tornar normais períodos alargados de trabalho, baixar suplementos do trabalho extraordinário, reduzir períodos de férias - tudo aponta numa mesma direcção e serve um mesmo propósito: o de reduzir o custo de cada hora efectivamente trabalhada ao longo do ano. A estas medidas juntam-se simplificações processuais nos despedimentos e alargam-se conceitos justificativos de despedimento individual com justa causa.
António Perez Metelo in DN - 29.06.2007
Flexiseggurança implicava:
- flexibilidade no despedimento;
- congregação entre estado, sindicados e empresários para a recolocação dos "despedidos" em novos empregos, ou na sua requalificação;
- aumento de impostos para garantir segurança económica ao "despedido" num periodo até quatro anos;
Para quê a flexisegurança quando se pode um modelo só "flexi"?
É desta forma que Portugal quer crescer: tornando mais miserável a vida dos que trabalham e que menos direitos têm. Criar um modelo de trabalhador que vai competir com o "chinês", quando o Relações Públicas Sócrates apregoa que Portugal tem de investir em produto de qualidade, vendido a bom dinheiro.
É o cenário ideal para o equilibrio... social. Mais para os acionistas, pior qualidade de vida para quem está no fundo da escala.
Diz ainda António Perez Metelo:
Quanto a medidas para acabar com os falsos recibos verdes, nada. Pelos vistos, as normas em vigor, que não atacam o problema, satisfazem a comissão. E os contratos a prazo, que um em cada quatro trabalhadores por conta de outrem se vê forçado a aceitar, parecem aceitáveis aos peritos, já que nada propõem nesta matéria.
Quem tem de viver com recibo verde não se incomodará com as normas laborais que aí vêm, pois já vive com elas. Por este andar, o modelo económico (100% flexibilidade, zero segurança e formação inútil) vai finalmente unificar a precaridade no tecido produtivo português.
O modelo em que encorremos vem já desde há duas décadas. Como todos vemos, tem dado grandes frutos. Lá fora, há relatórios que acham inademissível o nível de contratados precários e dizem que a economia portuguesa, apostanto neste tipo de "contracto", continuará a afundar-se.
Nem partidos, nem revoluções, nem portugueses poderão inverter estado de coisas. As medidas são feitas a pensar em uma minima percentagem da sociedade, num curto prazo, por pessoas desprovidas de socialismo, de capacidade de liderança, de amor ao próximo, e que não têm os pés assentes na terra.
Recorrer no erro, não é teimosia é vontade.
sexta-feira, junho 29, 2007
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2 comentários:
E tudo feito sob a capa de inevitabilidade e apresentado como via única. Chamo a atenção para o post do Arrastão, com o depoimento de um sindicalista da Autoeuropa que mostra como o argumento usado pelo ministro é uma fraude.
Bom dia, entrei no seu blog quando estava à procura de romã. Por acaso, você sabe me dizer onde essa foto foi feita?Estou procurando por produtores de romã.
Obrigada, Gisele
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