Na sua crónica da revista Tabu de 27 de Dezembro, José António Saraiva diz de sua justiça:
"Devo dizer que achava o programa Noite da Má Língua execrável. Não gosto de exercícios de maledicência. Que, além do mais, estimulam um dos piores defeitos dos portugueses: passarem o tempo a criticar os outros sem fazerem nada para melhorar as coisas. Os portugueses são naturalmente maledicentes. Incentivar essa tendência é lamentável."
Seguia A Noite da Má Lingua com satisfação, assim como "frequento" regularmente O Eixo do Mal. São espaços fundamentais de discurso "independente", numa imprensa e TV povoada por opinion-makers politizados e que ajudam a um cozinhado de Portugal em lume-brando.
Se concordo com José Saraiva quando diz que incentivar o pior de nós é mau, digo-lhe também que temos um mau quarto poder no que concerne a chamar os bois pelos nomes. Por exemplo, o jornalismo económico e cor-de-rosa corre Doutores & Engenheiros a palmas e elogios quando estudos europeus apontam que a fraqueza de Portugal está na sua má camada de decisão. Estes são os focos do nosso ideal-fatalismo, maledicência, critica furtuita, sarcasmos, causticismo, etc. E ainda bem, pois graças a ela temos humor de qualidade. Rir é o melhor remédio perante um cenário que não muda há anos (décadas, séculos)
É importante haver várias vozes e este tipo de "maldicencia" só incomoda quem vive bem com o estado de coisas e com o mal dos outros.
Como disse José Diogo Quintela no Público de Domingo passado:
"É essa a mais-valia de Rui Tavares: quando o leio, saio da minha zona de conforto e vejo as minhas ideias serem paulatina e sistematicamente desmontadas pelos factos que ele apresenta. É ou não é irritante?"
É necessário a qualquer ser social, ouvir o outro lado para fazer a sua sintese de ideias. Felizmente, também tenho os meus comentadores e amigos de correntes diferentes das minhas.. Sem os ouvir, seria um fanático.
terça-feira, janeiro 06, 2009
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