segunda-feira, dezembro 26, 2005

Ondas de solidariedade

Época de natal é tempo de solidariedade.
O maremoto de 2004 que agora relembramos evidencia que somos muito solidários... com os outros.

Frequentemente mandamos as pessoas que mais necessitam irem para... a Santa Casa da Misericordia e Estado. Quem pode vai. Dessa instituição esperamos que o dinheiro que recolhe a Santa Casa, maioritáriamente com o jogo, seja bem distribuido pelos carentes da nossa sociedade. Não faz sentido acontecer cenas como esta:

Os mais de 100 milhões de euros de receitas líquidas do primeiro ano de exploração do Euromilhões - canalizados para o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS) e destinados a apoiar a idosos e pessoas com deficiência - não foram gastos apenas porque este ano não têm enquadramento orçamental, explicou ao «Público» o porta-voz do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS), José Pedro Pinto.

Gostaria muito que a Santa Casa da Misericordia explicasse para onde vão os milhões de euros que todos os anos os portugueses confiam a essa instituição centenária.

Há dinheiro. Quando há desgraças em Portugal, como é o caso dos desalojados vítimas dos incêndios, porque é que se lançam campanhas de solidariedade sem primeiro recorrer aos fundos que a solidariedade semanal dos portugueses gera?

Histeria solidária não é a mesma coisa que uma boa administração de dinheiro.

Solidariedade de géneros tem as suas imprecisões. Quem viu uma reportagem que a CBS fez nas zonas devastadas pelo terramoto de Verão que ocorreu no Paquistão tem uma ideia clara do que afirmei. Em redor da aldeia haviam zonas cheias de roupas novas doadas em campanhas "amigas". Dentro da aldeia, dentro de um vale de vários kilómetros, uma equipa de médicos sofria com falta de medicamentos e... utilidades.

Sem comentários: