quarta-feira, setembro 27, 2006

El nicho

"onde alguns vêem o "fim" da imprensa de referência, do jornalismo de profundidade, eu vejo exactamente o recomeço. A remodelação do Expresso é, nessa medida, exemplar, porque deixa ao seu concorrente a tarefa de "sujar as mãos" no jornalismo popular e mantém a aparência, ainda que baixe a fasquia. O Expresso deixa vago o degrau imediatamente abaixo, para o Sol, e o degrau acima, para quem quiser chegar-se à frente. (…) Se os anunciantes que procuram a elite de poder, realmente alvo dos seus produtos, perceberem o que se está a passar, está criada a janela de oportunidade para novos jornais, novas revistas - mais exigentes e de grande qualidade, assumidamente dirigidas a quem agora se sente desconfortável com estes formatos de imprensa abrangente e "multipistas". Há nichos de um mercado quesó pode crescer."

Pedro Rolo Duarte in DN – 27.09.2006

Montar um jornal ou uma revista exige um investimento de grande envergadura, veja-se José Saraiva, que conseguiu reunir 5 milhões de euros para o seu"Sol".

Com a mutação acelerada da Comunicação Social, investir na "qualidade" e no seu "nicho" passa a ser tarefa árdua, se não impossível.

As remodelações de parte da nossa imprensa têm todas convergido para um mesmo posto: o do meio, onde estão as audiências que despoletam interesses publicitários.

Vejam-se as "news magazines" Sábado, Focus e Visão. Desde que a Sábado começou a ganhar terreno à Visão, que esta tirou das capas as reportagens dequalidade substituindo-as por temas que dão a vitória à concorrente: a saúde, a família, etc. O mesmo se aplica à Focus, que com uma entrada fulgorosa no mercado - "vimos para a vitória" – não faz mais do que ir sobrevivendo com os temas medianos das adversárias.

Nas revistas dos jornais de fim de semana temos a mesma história. Os mesmos temas, as mesmas capas. Manuela Moura Guedes era o "assunto" de capa da Tabu (Sol) e Luciana Abreu da Única (Expresso) e certamente que a NS do Diário de Notícias e Jornal de Notícias traria uma jovem esbelta, como é seu hábito.

Estamos condenados à mediania.

Nos diários pagos – nem falemos dos gratuitos - ainda resiste esse "nicho de elite". Mas a tentação de conquistar o "meio" é mais que muita. Veja-se o DN de hoje, que aposta o "popstar" Paulo Coelho para a capa.



Onde eu quero chegar é: o que se vende na imprensa actual não é para todos. Há espaços a preencher, espaços que não dão retorno financeiro desejado a empresas de Media.

Continuo há espera de um jornal, ou de um suplemento/revista, que me façacomprá-lo sem antes procurar a capa e os seus conteúdos.

DNa... eterna saudade.

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