segunda-feira, setembro 18, 2006

Sol, Expresso e as reviravoltas da imprensa

Numa altura em que a impressa de "rotativa" reduz mês a mês as suas tiragens, é positivo termos um novo semanário em Portugal.

A moda corrente é reagir fazendo "face liftings" aos jornais, isto é, reajustes gráficos. O Diário de Notícias já fez, o Correio da Manhã e Expresso acabaram de fazer e o Público promete novidades em Janeiro. Dizem os puristas, que o que falta aos jornais para se tornarem atractivos será a reportagem, a notícia exclusiva, a opinião diferente. Dizem que mudar o grafismo não vai inverter o desgaste de vendas.

Não vai, mas ajuda. Na era do imediatismo e do curto, arranjado e simples, um jornal já não pode continuar maçudo e cinzentão. Contudo, concordo 100% que é a falta de jornalismo da "notícia de última hora", da reportagem que se torna notícia nos canais de TV e Rádio, do invulgar, que tem levado os acérrimos consumidores "informação-papel" a desistir da compra diária ou semanal. As novas gerações, já estão perdidas nesta guerra... preferem notícias breves da internet.




A guerra dos semanários

Discordo com muita coisa que José Saraiva diz, mas é sem dúvida, o director de jornais do nosso território mais bem preparado. Manteve durante 20 anos o Expresso na liderança do jornalismo de fim-de-semana, e agora apresenta-nos um jornal que revela experiência.

O Sol esgotou. O Expresso também. Comprei os dois.

Em termos de vendas, só depois do Natal é que começaremos a ter uma ideia de como o panorâma ficará. Não tenho por hábito comprar semanários todas as semanas e assim continuará a ser. Ao sabor da maré, isto é, das notícias e das reportagens, decidirei se compro um deles ou nenhum.

Com a morte do DNa do Diário de Notícias, o único suplemente de que era assaz cliente, encontro satisfação na leitura de algumas edições do Courrier Internacional, do Público e da sua revista Pública.

Em relação ao dois semanários, o Sol é realmente um produto novo, com algumas novidades e várias parcenças. É mais leve, dispensa os cadernos do Expresso de Imobiliário, Emprego e a revista cultural, mas tem no caderno principal um recheio extra política a piscar o olho a vastos públicos. Custa 2 euros, lê-se mais rápido e acredito que, tal como o Expresso, irá esforçar-se para marcar a agenda da imprensa com notícias e exclusivos. Gosto. Desgosto, os opinadores serem, na maioria, os mesmos que há mais de 20 anos opinão em tudo o que é lado. Não há jovens portugueses com opinião sensata e sustentada? Um jornal novo que quer ser jovem, tem de ter nomes incógnitos a participar.

O Expresso tem uma imagem nova que me satisfaz. Mais cor, menos letrinhas. Além da imagem, pouco mudou. O jornalismo, os opinadores, as revistas continuam sensivelmente as mesmas.

E aqui chego ao cerne da questão, o jornal da Impresa mudou a imagem mas ficou com o mesmo esqueleto de há 4 anos. O Sol é mais vivo, actual, fresco, diferente, para quem procura a novidade e não se satisfaz com o "mono-jornalismo" que se pratica em toda a imprensa. A crise passa por aí: ouve-se as notícias na TSF, Antena 1 e RR, e só muda a ordem em que é dada; lê-se nos sites da net, com ordem e frases diferentes; vê-se na TV de semelhante forma, quer seja na RTP, SIC, TVI, cabo ou mesmo nas cadeias internacionais.

Venham então projectos de media, que restituam o que fez da imprensa o quarto poder e uma alegria para a nossa vida em sociedade.

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