segunda-feira, setembro 11, 2006

O mundo em queda

O mundo mudou. Verdade. É essa perspectiva que programas como "Clube de Jornalistas", "Prós e Contras", e um número maior de programas de estações de TV e Rádio têm estado a abordar os cinco anos que se passaram. É um comportamento autista, simplista que não analisa, mas apenas repete a cassete que responsáveis e pachorrentos tem vindo a passar desde há cinco anos.


Prefiro a abordagem do muito que há ainda para dizer e perceber. Nesse sentido a Dois, fez um excelente trabalho na semana passada. Documentários passaram sobre o que é ser muçulmano hoje em dia, o que é viver numa família de "extremistas", sobre os humanos que encurralados nos andares superiores das torres tiveram de saltar para... o infinito.



Brilhantes perspectivas.

Supreendente foi o documentário Loose Change, a quem dei uma oportunidade. Sendo uma ilustração de uma "teoria da conspiração" sobre os acontecimentos, tomei a decisão de visioná-lo já bem perto do horário de emissão. Acreditando ou não na perspectiva dos autores, está bem trabalhado e tem os argumentos fundamentados com uma enormidade de factos. Quem o vir, ficará com dúvidas sobre as versões oficiais. Pessoalmente continuo a acreditar que foram ataques perpetrados por não-americanos, mas há muita coisa que não bate certo. Um documentário a não perder.

Se em relação ao 11 de Setembro a maioria dos debates é sobre que mudou, prefiro pensar no que não mudou: o sofrimento humano de um ocidental é mais "real" do que de um terreno que habita noutro lado do planeta.

Hoje reviveremos nos media o sofrimento das famílias das vítimas, a "bravura" dos agentes civis, o "profissionalismo" de políticos e governantes americanos. Bem arrumados estão os mesmos sentimentos das famílias de massacrados no Dafur, de dezenas de padecimentos de um naufrágio na Indonésia, das cerca de 100 mortes diárias que aconteceram em Bagdad durante Agosto, dos quase 1000 mortos ocorridos na capital iraquiana a 31/08/2005, ou mesmo dos "bravos" soldados enviados para "restituir" a paz Iraque e que vêm "mudados" fisica e mentalmente. Todos estes factos passam uma vez nos media ocidentais e são arrumados na gaveta.

O mundo Nova Iorquino mudou a 11 de Setembro, outros mudam diáriamente.
Perspectiva jornalística? Um critério de proximidade? Que se mude o jornalismo então, que não se pese o sofrimento humano pela cor da pele, geografia, religião. Só quando nos entendermos é que vamos superar as nossas antipatias.

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