terça-feira, fevereiro 22, 2005

Confiança. Que confiança? A confiança.

Por entre o discurso ensonso de José Sócrates, o novo primeiro-ministro, emergiam palavras de esperança, predisposições de trabalho, vontade de mudar. Mas era uma a palavra que mais se destacava: confiança.

Como no nosso país estamos domados por um déficit de responsabilidade, de autoridade e de carácter, as políticas estatais não produzem resultados. Assim, quem disputa ou quem sobe ao poder utiliza, por matéria prima, a força anímica dos cidadãos. Vemos recorrentemente dois cenários: o da tanga e o do oásis. Palavras de dois líderes PSD, mas que encontram sinónimos noutros partidos com o objectivo de refutar ou enaltecer o trabalho do governo que está na berlinda.

Durão Barroso exagerou quando disse que o país estava de tanga. Estava estagnado. Meio ano depois dizia que já tínhamos atingido a retoma. A falta de coragem de Guterres para aproveitar uma razoável fase económica, foi sucedida por um Durão que passou de incendiário a evangelista. Acabou, esse sim, por "fugir" para a Europa deixando de lado o cargo de primeiro-ministro que o PS tinha gentilmente cedido ao PSD. Declinou essa responsabilidade.

Portanto, confiança sem vermos trabalho dos eleitos? Muito bem. Recorrer ao "planeta" emocional não é política, não é gerir, é brincar com a "saúde" das pessoas. Confiança e auto-estima são palavras de circunstância e vicissitudes do jogo político. Os portugueses são dominados por sentimentos mais fortes como pessimismo e nostalgia que, por sua vez, só podem ser combatidos com resultados económicos. Galvanizar a auto estima é ilusionismo de massas, fomentar esperanças... que convém sobretudo à partidocracia.

Há que combater sim, o comodismo e o facto de sermos subsidio-dependentes bem como a falta de formação - diria escrúpulos - dos empresários nacionais, bem como os que são a força motora deles. Dizia Paulo Portas, e bem, que era necessário criar mais empresas e que já ficava satisfeito se formasse 150 novos empresários. Eu acrescentaria "reformasse". Se fosse dado a ver que agindo responsavelmente com políticas de âmbito social nas suas empresas, 150 investidores teriam mais e melhor lucro... haveria menos desempregados, mais trabalho de qualidade e mais consumo.

"É preciso dar o exemplo, e o exemplo faz-se não se diz". A frase foi proferida por Manuel Sobrinho Simões hoje de manhã à Antena 1. Nem mais. Não falem de confiança, trabalhem para a merecer!

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