A democracia tem gestos abomináveis. Na fervura do diálogo, as pessoas "indignam-se" e chegam a fingir que é dor, a dor que deveras sentem.
O candidato pelo distrito de Coimbra pelo CDS-PP, o eterno número dois de Paulo Portas, começa a evidenciar que não é só Santana Lopes que detém um "Sancho Pança" saloio. Rui Gomes da Silva tem mais talento para animar as hostes, mas a Nobre Guedes não escapará a grande machadada na campanha do seu partido. Uma campanha que desejavam que fosse certinha, estadista e de "gente de bem"..
Nobre Guedes diz "acho que isso devia ser sancionado, ele não devia entrar em Coimbra. Coimbra devia levantar à rua e esse senhor não devia cá entrar".
Esse senhor é José Sócrates, ex-ministro do Ambiente. Um dos poucos da era guterrista com a firmeza e lucidez que se exige a um político. Pediu a cientistas que anunciassem ao público, estudos feitos no âmbito da incineração.
Na defesa do compincha, Paulo Portas lançou-se no jogo em que é hábil: a camuflagem. Chama-lhe direito à indignação, como se tal sugestão, que teve tempo para ser ponderada, resultasse de um esgrimir de argumentos. Indignação não é incentivar a população à revolta ou à prática de actos pouco democráticos. Será que Nobre Guedes também tem um passado obscuro? Terá estudado o manual de conduta do MRPP, quando em pequeno?
"Em democracia, essa expressão da indignação faz-se nas urnas", diz Paulo Portas.
Queres ver que o líder do CDS "cadê PP" acredita que, em Coimbra, se vai passar o mesmo que se passou na cidade que sofreu com o 11 de Setembro? Os habitantes de Nova York puniram George W. Bush nas urnas. É credível que Sócrates sofra por uma medida que não foi colocada em prática? Será que estes mezinhos de ministério transformaram Nobre Guedes num fiel defensor do ambiente contra as cimenteiras da Arrábida?
Dia 20 próximo saberemos.
quinta-feira, fevereiro 03, 2005
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