segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Radicais & Extremistas, S.A.



Esta imagem foi produzida antes do discurso de "adeus" de Paulo Portas.
Não é coincidência ter enfatizado o que para si é um grande problema da nossa democracia: o crescimento da esquerda que ele categoriza de extrema e radical.

O CDU e Bloco de Esquerda sairam vitoriosos, sim. Encarnam uma esquerda, uma mudança, mas nunca um autoritarismo que o próprio CDS-PP chega a personificar em questões como a do aborto.

Demonstra fé cega, radicalismo da parte de Paulo Portas pois não consegue tolerar o pensamento de outra corrente política, a convicção de portugueses que pedem a pluralidade de certas matérias, matérias que o CDS-PP não aceita a liberdade de escolha.

Paulo Portas é dos portugueses mais brilhantes da sua geração. Mas no melhor pano cai a nódoa e o discurso de ontem à noite é o culminar de uma campanha em que a toda a hora chamava a atenção para a "extrema esquerda radical".

Radical é querer apagar a luta de dezenas de anos que resultou no 25 de Abril e no regresso da constituição da república. É acreditar que dar toda e qualquer liberdade ao mercado criará riqueza para todos. Sim, criará para todos os que possuem audis, várias gravatas, posses para viajar, etc. Não para os na base da sociedade que trabalham com contratos precários que a maioria dos empresários nacionais usam devido a uma legislação de direita. Dizem que é em prol da produtividade e da competitividade, mas precaridade gera precaridade.

Nobre Guedes mostrou-se nesta campanha. Algumas afirmações como aquela de fomentar a rebeldia em Coimbra aquando da vinda de Sócrates àquela cidade, evidenciaram que por debaixo daquela "pele" de santo, está uma pessoa que se "passa da mioleira" muito facilmente e que, tal como Paulo Portas, tem convicções radicais que não se quadunam com o apregoado centro direita, mas sim com o da direita radical e/ou extrema.

Aceitar a pluridade de escolhas (de religiões, cultura, de práticas, "pro-vidas") é uma coisa. Outra é recusá-la.

Não direi que os partidos encabeçados por Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã sejam sociais amigáveis. Certas ideias que têm são demasiado "progressistas" e são criticáveis. Mas pelo menos, como personagens, têm uma vantagem a Paulo Portas. Têm firmeza de princípios e não são camaleões da política mudando consoante o que lhe dá mais votos. O Bloco de Esquerda cresceu com os mesmos ideais e práticas de há 3 anos, assim como a CDU.

Sem comentários: