quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Entrudo

"Para mim, a tristeza e a alegria são como que dois lados da mesma coisa. (...) a música triste não me dá tristeza. Pelo contrário. Quando escuto uma música triste sinto-me feliz. Quando escuto Amália, quando escuto Billie Holliday ou seja o que for de música triste, esta nostalgia, esta melancolia aproxima-me da beleza da vida"

Lhasa de Sela, DNa, 14/01/2005


Em poucas palavras a multifacetada cantora Lhasa de Sela transmite aquilo que é para mim uma verdade. Impulsos artísticos interpretados pela maioria como emoções tristes, podem ser pura felicidade para outros.
Acontece sentir-me gratificado pela beleza de um drama como "O Pianista", de uma série do negrume de "Sete Palmos de Terra", de um inspirado "Au Clair de Lune" de Beethoven ou "Requiem" de Mozart, de um forte "Morreste-me" de José Luís Peixoto, etc...
Não me levam às lágrimas, não me provocam gargalhadas mas colocam-me um sorriso na face.

O contrário também é possível. As supostas "alegrias universais" poderão resultar em desinteresse da minha parte. O carnaval, por exemplo, é uma época que não me transmite alegria. Reajo com passividade ao mesmo.
Duas excepções: os caretos de Trás-os-Montes e as máscaras de Veneza. A sua rara beleza e genuinidade marcam-me.


Embora muitos pensem que sim, alegria e tristeza não têm códigos exclusivos de reacção.


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