CAVACO: de belzebu 1996 a fenómeno 2006Ganhou o que tinha perdido para Sampaio. E ganhou com um novo moral político.
Não há nada que o tempo não faça esquecer.
Agora será a nossa vez, portugueses, de ver o que tem para oferecer e como nos vai representar. Cabe-lhe também exigir-nos.
Como primeiro-ministro foi pouco humano. Ao tentar desenvolver a economia, fez do cidadão mais necessitado e com menos instrumentos para resolver os seus problemas, o elo mais fraco. Como presidente não poderá agir com determinadas metas só para uma minoria nem só para a maioria, terá de se empenhar por
TODOS.
Não é altura para celebrar. Foram-se as palavras, esperamos os actos.
A médio prazo veremos o que fará.
Nem MÁRIO nem ALEGREA raposa política ao querer defender o seu nome e sobretudo o
PS da derrota certa, enterrou-se. "
Soares é fixe" vai para o museu. De lá não devia ter saído. Se se tivesse empenhado numa candidatura do amigo
Manuel Alegre, Cavaco não ganharia à primeira volta.
Alegre mostrou-se como independente, mas ao olharmos para ele vimo-lo como o número suplementar do seu partido. Findada esta birrinha, Manuel Alegre volta para a bancada do PS, lê o jornal, faz desenhos, discursos e poemas. E se alguém implicar com ele... não se cala.
"FACTOS" políticos dos próximos mesesA guerra interna no PS encherá os média, dominará os espaços dos comentadores políticos, dos construtores de factos, dominará os sonhos de quem embala em histórias. Em crise o PS não vai ficar, nem o governo. Serão apenas alinhamentos internos e no exterior a gestão da imagem , a qual os partidos seus adversários procurarão desgastar e diabolizar.
No fim, as contas serão feitas pelos que votam. Nas próximas legislativas. E quem votou ontem mostrou que não embala em cantigas.
O bom JERÓNIMO, o LOUÇÃ que duplicou, o GARCIA que se mostrouJerónimo Sousa dá mostras que o PCP, o tal que
Cavaco Silva repudiava, não morrerá enquanto tiver gente que dá tudo pela sua organização. Que ideias e práticas por detrás da imagem de galã do recente líder? Não saberiamos se iria dar muito de si para o desenvolvimento económico de Portugal, ou se se conseguiria deixar o governo a continuar a atrair investimento externo.
Nos média
Francisco Louçã e o seu Bloco de Esquerda
vão voltar a considerados como perdedores. Perder não é duplicar votos após 5 anos nas presidências, não é duplicar nas autárquicas, nem é triplicar nas legislativas. O movimento cresce, com a ideia que em breve poderá estancar o seu crescimento mas com o firme sentido de influenciar a sociedade em que se insere. Fica por saber em que se traduz o palavreado utilizado por Louçã: política de exigência, solidariedade, nova esquerda, igualdade, etc. Por acaso nunca vi um Cavaco Silva exigente com todos os agentes sociais.
Garcia Pereira foi provavelmente o único a respeitar o tempo de campanha. Todos os outros estiveram meses nas ruas, mesmo sabendo que a legislação lhes dá 15 dias de esclarecimentos. O candidato sabendo que nem 1% iria ter no final de votos contados, fez o que todos os portugueses deviam fazer: lutar pelas suas ideias, pelo que desejam em que o seu país se traduza. É o nosso grande mal, esperar que os outros façam tudo por nós e entretanto criticá-los cobardemente.
Uma palavra final para o fim do segundo mandato de
Jorge Sampaio. Fez o que pode, representou bem o que Portugal tinha de bom. Pode não ser mediático como outros presidentes, mas nem só com presença nos
mass media se age. Entrou com firmeza e motivação, saiu desanimado mas com o sentido de dever cumprido. Tal aconteceu porque não viu confirmar-se a sua crença de acção de esquerda: acreditar que podia contribuir para o futuro melhor. Infelizmente em Portugal responsáveis há que embora tenham saindo cargos de poder com resultados piores dos que com entraram, saem com um sorriso no rosto. O futuro da empresa ou do cargo estatal está ainda de pé, o seu património simbólico e económico saiu com lucro, pouco interessa o de quem pediu sacrifícios em prol de um futuro melhor.
Realmente, quando tomou posse Portugal estava muito melhor mas ser presidente não é ter a mesma acção de mudança de que um primeiro-ministro.