segunda-feira, janeiro 23, 2006

Pós-eleições

CAVACO: de belzebu 1996 a fenómeno 2006

Ganhou o que tinha perdido para Sampaio. E ganhou com um novo moral político.
Não há nada que o tempo não faça esquecer.
Agora será a nossa vez, portugueses, de ver o que tem para oferecer e como nos vai representar. Cabe-lhe também exigir-nos.

Como primeiro-ministro foi pouco humano. Ao tentar desenvolver a economia, fez do cidadão mais necessitado e com menos instrumentos para resolver os seus problemas, o elo mais fraco. Como presidente não poderá agir com determinadas metas só para uma minoria nem só para a maioria, terá de se empenhar por TODOS.

Não é altura para celebrar. Foram-se as palavras, esperamos os actos.
A médio prazo veremos o que fará.


Nem MÁRIO nem ALEGRE

A raposa política ao querer defender o seu nome e sobretudo o PS da derrota certa, enterrou-se. "Soares é fixe" vai para o museu. De lá não devia ter saído. Se se tivesse empenhado numa candidatura do amigo Manuel Alegre, Cavaco não ganharia à primeira volta.

Alegre mostrou-se como independente, mas ao olharmos para ele vimo-lo como o número suplementar do seu partido. Findada esta birrinha, Manuel Alegre volta para a bancada do PS, lê o jornal, faz desenhos, discursos e poemas. E se alguém implicar com ele... não se cala.


"FACTOS" políticos dos próximos meses

A guerra interna no PS encherá os média, dominará os espaços dos comentadores políticos, dos construtores de factos, dominará os sonhos de quem embala em histórias. Em crise o PS não vai ficar, nem o governo. Serão apenas alinhamentos internos e no exterior a gestão da imagem , a qual os partidos seus adversários procurarão desgastar e diabolizar.
No fim, as contas serão feitas pelos que votam. Nas próximas legislativas. E quem votou ontem mostrou que não embala em cantigas.


O bom JERÓNIMO, o LOUÇÃ que duplicou, o GARCIA que se mostrou

Jerónimo Sousa dá mostras que o PCP, o tal que Cavaco Silva repudiava, não morrerá enquanto tiver gente que dá tudo pela sua organização. Que ideias e práticas por detrás da imagem de galã do recente líder? Não saberiamos se iria dar muito de si para o desenvolvimento económico de Portugal, ou se se conseguiria deixar o governo a continuar a atrair investimento externo.

Nos média Francisco Louçã e o seu Bloco de Esquerda vão voltar a considerados como perdedores. Perder não é duplicar votos após 5 anos nas presidências, não é duplicar nas autárquicas, nem é triplicar nas legislativas. O movimento cresce, com a ideia que em breve poderá estancar o seu crescimento mas com o firme sentido de influenciar a sociedade em que se insere. Fica por saber em que se traduz o palavreado utilizado por Louçã: política de exigência, solidariedade, nova esquerda, igualdade, etc. Por acaso nunca vi um Cavaco Silva exigente com todos os agentes sociais.

Garcia Pereira foi provavelmente o único a respeitar o tempo de campanha. Todos os outros estiveram meses nas ruas, mesmo sabendo que a legislação lhes dá 15 dias de esclarecimentos. O candidato sabendo que nem 1% iria ter no final de votos contados, fez o que todos os portugueses deviam fazer: lutar pelas suas ideias, pelo que desejam em que o seu país se traduza. É o nosso grande mal, esperar que os outros façam tudo por nós e entretanto criticá-los cobardemente.

Uma palavra final para o fim do segundo mandato de Jorge Sampaio. Fez o que pode, representou bem o que Portugal tinha de bom. Pode não ser mediático como outros presidentes, mas nem só com presença nos mass media se age. Entrou com firmeza e motivação, saiu desanimado mas com o sentido de dever cumprido. Tal aconteceu porque não viu confirmar-se a sua crença de acção de esquerda: acreditar que podia contribuir para o futuro melhor. Infelizmente em Portugal responsáveis há que embora tenham saindo cargos de poder com resultados piores dos que com entraram, saem com um sorriso no rosto. O futuro da empresa ou do cargo estatal está ainda de pé, o seu património simbólico e económico saiu com lucro, pouco interessa o de quem pediu sacrifícios em prol de um futuro melhor.

Realmente, quando tomou posse Portugal estava muito melhor mas ser presidente não é ter a mesma acção de mudança de que um primeiro-ministro.

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