"... e como dizem as crianças mais pequenas, isto não se faz. As crianças mais pequenas quando os outros meninos têm medo de ir brincar ou fazer algum jogo, chamam-lhes um nome... chamam-lhes um nome. E esse nome é bem chamado."
Pedro Santana Lopes, ontem à noite num convívio perto de si.
Releiam.
Que nome será? As crianças pequenas dirão a palavra cobarde? As crianças pequenas inglesas utilizarão "chicken". Mas na nossa terrinha, Santana Lopes chamaria em pequeno (ou seria chamado?): mariquinhas.
Esta é mais uma triste expressão do ex-Primeiro Ministro, líder de Portugal, dos Algarves e agora do lírismo metafórico. Com os ataques à vida privada de Sócrates, a frase utilizada ontem com outros propósitos, espero, veio mesmo a calhar para... o 24horas e outros jornais.
A afirmação de Francisco Louçã, num debate de Paulo Portas, foi relevada pela forma despropositada como se dirigiu ao representante do CDS (PP?). Será que a afirmação do líder do PPD-PSD vai ser tão debatida como o "carnívoro" do Louçã? Veremos nos jornais televisivos daqui a pouco.
Quem tem dúvidas, tem aqui mais uma prova de que Santana Lopes é dono da retórica e que a sua ânsia de debater não servirá o esclarecimento de ideias e projectos para o país, mas para o debate de estilos visuais e sonoros. O PSD nas legislativas anteriores procedeu de idêntica forma. Cavaco fugia a conversas televisivas com Guterres. RTP, SIC, SIC Notícias têm vindo a promover debates e outros arrancarão breve. Em Portugal muito falamos, pouco esclarecemos e as verdades ficam a meio caminho entre o interesse partidário e o interesse público.
Ainda sobre Francisco Louçã, fica-lhe mal aquele esquerdismo reaccionário. Nesse sentido concordo com o post de Pedro Oliveira no Barnabé. Não posso, porém, deixar de concordar com o argumento que Daniel Oliveira (O Eixo do Mal, Barnabé) contrapôs no programa da SIC Notícias. Segundo o porta-voz do Bloco de Esquerda, Louçã reagiu indignado ao argumento de uso do corrente de certa direita: é uma vida que as mulheres têm impreterivelmente de dar à luz / não têm direito de decidir o que fazer com o seu corpo. São dogmas religiosos. Tiram do sério uma pessoa que acredita que recusar o direito à liberdade de escolha é uma forma pouco humana de gerir o problema.
São delicadezas de campanha que espero não ouvir mais em diante.
segunda-feira, janeiro 24, 2005
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