terça-feira, janeiro 11, 2005

Fadinho da solidariedade

Tenho dó. Dó ré mi fá sol... de quem não morre no com uma câmara apontada.
Não é querido ironizar sobre centenas de milhares de mortes, especialmente se entre os quais estão alguns da nossa zona geográfica, mas a onda solidária 2005 tem algo que se lhe diga.

A chamada comunidade internacional recolectou já 4 biliões de dolares para dar aos países desfavorecidos pelo maremoto. Mas será que irão todas para as mãos dos sem terra, sem casa, sem família, sem emprego?

Mais importante ainda: porque é que acreditamos que esta boa vontade monetária é verdadeira? Ramos Horta (Ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor Leste) e Fernando Nobre (AMI) chafurdaram já na ferida. Este último referiu à TSF "A grande questão hoje é se os fundos vão ser realmente desbloqueados para a reconstrução. Há um exemplo recente, infelizmente negativo, que foi o terramoto de Bam no Irão. Prometeram-se 125 milhões de dólares e só chegaram 17 milhões"

As pessoas, os governos só se lembram da caridade, solidariedade e de sentimentos descritos com outros sonsas palavrinhas, quando a tragédia bate à porta ao lado, quando é natal, quando se mendiga na TV. O Zé-solidário-oriente é dominado pela vontade imediata, contudo, não terá ideia que depois de se deixar de a ver na TV continuar-se-á a sofrer por lá. Em Bam (Irão), a vida não voltou à normalidade. Nos Açores, pessoas que ficaram sem casa graças ao terramoto de 1998, continuam a viver em contentores.


As mesmas admimistrações de países que disponibilizam agora milhões de dolars, não contribuem para um desenvolvimento sustentável. Perseguem o curto prazo e largam os "animais" às urtigas mais tarde. Falam da amizade humana quando há seus cidadãos em causa ou suas empresas em risco. Os milhares que morreram nas chacinas do Ruanda erão "cães como nós", no entanto...


A solução de problemas, inteligentemente, será sempre realizada a médio longo prazo. Educação, boa informação, boa distribuição do dinheiro geram bons costumes e uma sociedade mais equilibrada. Solidariedade para com os outros não é só quando o Banco Alimentar estende a saco de plástico, nem quando uma TV apela ajuda à Maria que tem uma dúzia de filhos para sustentar. Isso é só folclore hipócrita.

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