quinta-feira, abril 21, 2005

O cadáver amigo

"A maior parte das pessoas que esperam dez horas para ver o corpo de Karol Wojtyla está ali muito menos para rezar do que para registar. Basta ver a multidão de câmaras de vídeo, máquinas fotográficas e telemóveis, em utilização continua. É gente devota? Talvez. Mas é sobretudo gente que quer um dia poder dizer “eu estive lá”. Não há ai qualquer relação de proximidade . Ou passaria pela cabeça de alguém fotografar um cadáver de um familiar próximo?"

João Miguel Tavares in DN – 08.04.2005

Dá que pensar. Temos pudor à morte, mas o corpo frio de um ente celebrizado não nos custa ver. Lenine continua firme e hirto em Moscovo. João Paulo II não desceu às catacumbas da praça de S. Pedro antes de ser velado por milhares.

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